“Na tua imagem agora o meu sangue corre. A minha temperatura mantém os nossos corpos alinhados como nos melhores momentos que tivemos”, escreveu Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, no dia em que a vereadora completaria 39 anos. Mônica fez uma tatuagem com a imagem de Marielle e publicou a mensagem em uma rede social no início da madrugada desta sexta-feira. Marielle Franco foi assassinada a tiros na noite do dia 14 de março, na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, próximo à Prefeitura do Rio. O motorista que estava com ela, Anderson Pedro Gomes, também foi morto. Eles estavam acompanhados de uma assessora da vereadora, que foi atingida por estilhaços e levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.
“Na tua imagem agora o meu sangue corre. A minha temperatura mantém os nossos corpos alinhados como nos melhores momentos que tivemos. No braço esquerdo te carrego porque, no coração, desde 20 de fevereiro de 2004, quando eu te vi pela primeira vez, eu nunca te tirei. Pra eu não me esquecer nunca do que me move e do porquê sigo e seguirei com resistência, força e sobretudo com amor. Vamos juntas porque jamais poderá ser de outra forma num mundo onde eu não posso existir sem você. Onde você não podia seguir sem mim. O dia 27 de julho sempre será seu, tal como meu coração sempre foi e sempre será Marielle Franco da Silva, amor da minha vida”, escreveu Mônica.
Segundo a ex-chefe de gabinete da Marielle Franco, Renata Souza, Marielle festejava a vida com alegria, amor e fé na humanidade:

— É o dia que estaríamos nos preparando para o baile do ano, porque a Mari festejava a vida com alegria, amor e fé na humanidade. Sem dúvida seus 38 anos foram vividos com intensidade. E não tê-la para o beijo e abraço apertado no dia de hoje, nos mostra o quanto a política brasileira pode ser antidemocrática e desumana. Exigimos que seus algozes sejam responsabilizados e que a justiça seja feita.
A data também foi lembrada nas redes sociais pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Freixo, que postou uma foto abraçado com a ex-vereadora em seu último aniversário, afirmou que Marielle foi morta por “política”. “Hoje ela faria 39 anos. Era dia de festa! Muita festa! Esse abraço, eu recebi no meu último aniversário. Como essa alegria faz falta. Vi essa menina passar por muitas coisas. Vi sua cabeça, seu cabelo e seu corpo acompanharem essa mudança. Sim, nossos caminhos vem de longe e muito juntos. Hoje não terei seu abraço forte. Estarei na Flip, falando de Marielle. Não era o que queria. Não é o que queríamos. Mari foi morta por uma política! Uma política capaz de matar covardemente. Isso, no Rio de Janeiro em pleno sec XXI. Não queremos vingança. Não somos iguais a eles. Nunca seremos! Mas não vamos sossegar enquanto não tiver justiça! É isso que torna Marielle presente, mesmo com toda dor da saudade”, afirmou o deputado.
JUSTIÇA DECRETA PRISÃO DE MAIS DOIS SUSPEITOS
Mais dois homens suspeitos de estarem no veículo de onde partiu o tiro que matou a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, há quatro meses, tiveram as prisões preventivas decretadas pelo 4º Tribunal do Júri do Rio. William da Silva Sant’Anna, o William Negão e Renato Nascimento dos Santos, Renatinho Problema, foram identificados a partir do depoimento da testemunha-chave do crime, que está sob proteção, mas que não revelou como obteve as informações.
A mesma testemunha já tinha denunciado o ex-PM Alan de Morais Nogueira, preso na última terça-feira, também pela execução da parlamentar. Apesar disso, os mandados de prisão contra William e Renato não foram expedidos por causa dos homicídios da vereadora e de seu motorista, mas por um assassinato cometido por uma quadrilha de milicianos que está sendo investigada. Todos são acusados de integrarem o grupo paramilitar de Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Há dois meses, O GLOBO revelou que uma testemunha, que havia trabalhado para Orlando de Curirica, tinha revelações sobre o assassinato de Marielle Franco, ocorrido em 14 de março deste ano. Temendo pela própria vida, ela procurou a Polícia Federal que a encaminhou para a Delegacia de Homicídios da capital.
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